domingo, 23 de março de 2014

É necessário saber o que te faz feliz

Primeiro a gente tem que ser da gente. Tem que se amar, se conhecer. Saber dos seus detalhes e do quanto fica sexy quando prende o cabelo. Conhecer seus trejeitos e o tom da nossa voz. Reconhecer suas qualidades e defeitos. É necessário saber o que te faz feliz, o que te faz sorrir. Encontrar o filme preferido, mesmo que ele te faça chorar rios, ou rir igual a uma foca. Você tem que aprender a caminhar sozinho, apenas com seu amor próprio. Saber viver sem depender do amor dos outros. Saber ser alegre comendo brigadeiro, sozinha, na madrugada. Descobrir seu corpo, seu sorriso, as covinhas do seu rosto - ou a falta delas. Se encontrar na pessoa refletida no espelho. Decorar cada detalhe sobre ela. E surpreende-la todos os dias. Com um passo de dança novo. Uma risada diferente. Uma roupa mais ousada. Fazer com que ela use aquele batom vermelho, que jurou nunca passar. E claro, se sentir a pessoa mais confiante do universo. É preciso conhecer cada curva do seu próprio corpo e do caminho que quer trilhar. Reconhecer cada sentimento possível. Desvendar os segredos escondidos atrás desse sorriso, nem sempre, sincero. Precisamos apreciar cada momento sozinho, e aproveitar esse momento para conhecer um pouco mais de si. Conhecer cada vez mais nossa alma, nossos sonhos, nosso desejos. Cada anseio. Amar os movimentos de cada fio de cabelo. Confiar em cada passo que é dado. Acreditar em cada sonho. Acreditar em si mesmo. Acreditar que é possível - e necessário - amar a si mesmo, antes de amar aos outros. Pois está escrito: "Ama a teu próximo como a ti mesmo". Quem não se ama, não ama ninguém. Quem não aprende a se amar, jamais aprenderá como amar o próximo.

Aprenda a viver sozinho. Aprenda a se amar. Conheça suas vontades, seus sentimentos. E ame cada centímetro do seu corpo, do seu jeito, da sua personalidade.

E depois que aprender o seu próprio amor, se entregue. Se jogue. Ame. 


quinta-feira, 20 de março de 2014

O tempo e as corujas

Aos poucos o tempo passa. Por vezes correndo, por vezes se arrastando. Mas passa. E com ele chega uma gigantesca leva de sentimentos, palavras, vontades, verdades e mentiras, sinceridades e afins. Um turbilhão de ações que caem sobre nossas cabeças, como as águas das cachoeiras escorrem sobre nossos corpos. Agradáveis e refrescantes. Pesadas e desgastantes. Não interessa se lhe fará bem ou mal. O tempo irá se encarregar de derramar tudo sobre você. E quando ele o fizer, aceite. Não recue. Não chore. Não fuja. Aceitar que o tempo passa é um dom. Mas perceber que ele passou, assusta. O tempo trás responsabilidades e te faz criar asas. Perceber que falta pouco pra sair de baixo das asas da coruja mãe, ah, isso te fazer refletir. É normal ficar pensando se tuas asas vão aguentar teu peso. É normal pensar se teu voo vai ser bonito. Ou um desastre total. A insegurança é quem toma conta e lidera tudo. Mas acredite: uma hora ela se vai. Sair do ninho é complicado.

 Confesso que não quero sair do meu. Porém, uma hora todos nós teremos que partir. Criar asas. Voar alto. Projetar nossos próprios ninhos. Ser coruja mãe, e coruja pai. Ter debaixo de nossas asas pequenas corujas que um dia criarão asas. Voarão. Terão seus ninhos. Seguirão o ciclo da vida.
E o tempo, continuará passando. Por vezes correndo, por vezes se arrastando. E trazendo, novamente, mais e mais sentimentos.


sexta-feira, 14 de março de 2014

A pessoa errada

Há vezes em que o coração aperta com tanta vontade, que parece jamais parar de doer. Fica rodeado de incertezas, dores e saudade. É sufocado por sentimentos que, muitas vezes, nem existem. Um vazio preenche o peito dos que realmente sabem sentir. Aqueles que sentem demais, sofrem ainda mais com o vazio. A falta da palavra, do sorriso, da dor e do amor. O sumiço da conversa, das brigas, do abraço e do sabor. Do gosto do beijo roubado, ou daquele beijo que foi dado na certeza de que tudo seria para sempre. Mas, já dizia o poeta: o pra sempre, sempre acaba. Sempre chega ao fim. Ao vazio. Solidão. O fim das promessas de amor, que foram feitas no ápice de uma vida. Quando acaba o beijo na testa, a mão entrelaçada, o arrumar de cabelo e o colo roubado. A ida das palavras erradas ditas pela pessoa certa. Que talvez não fosse tão certa, mas que era a certa pra mim. Palavras que tinham - e tem - o poder de consertar tudo, de acalmar o mar do coração e evitar a solidão. Expressões capazes de arrancar o tal vazio.

Há vezes em que o coração só queria conversar. Uma troca de palavras com a pessoa errada. Mas na hora certa.


terça-feira, 11 de março de 2014

Sobre conversas em família


Hoje conversei um pouco com minha mãe, como naturalmente acontece em todos os almoços em família. Mas essa conversa foi diferente. Em meio a risadas, piadas ruins, e pautas como politica, fome e carnaval, surgiu o assunto namoro. E, como já é de costume, todos começaram a brincar comigo - inclusive eu mesma - devido a minha solteirice, digamos que, extensa. Porém, depois de muitas brincadeiras, minha mãe resolveu falar algo filosófico. Ela disse algo como "filha, tu estas certa, deixou passar a época da euforia, dos nervos aflorados, para poder escolher com calma, seriedade e certeza, alguém para estar ao teu lado em um compromisso serio.". Confesso que na hora fiz ela repetir tudo, pois não acreditei de primeira no que ouvi. Mas, sim, minha mãe falou tudo isso.

Parei para refletir quantas pessoas já haviam me dito algo assim. Conclui que ninguém o fez. Decidi, então, procurar em minha memória quantas pessoas buscaram me animar quanto ao meu status de relacionamento, lembrando o quanto estar solteira é algo relevante para o engrandecimento e amadurecimento pessoal. Novamente, conclui que ninguém o havia feito. Encontrei apenas frases como "tu que tá certa, vai aproveitar a vida", "tu é muito nova pra te prender", "aproveita pra experimentar todos, depois tu escolhe um". Lembrei também de ouvir "tais encalhada, isso sim", "ta sozinha por que nenhum homem te quer", "tem que ser mais atiradinha pros homens chegarem". Claro que, em nenhum momento, as pessoas buscaram engrandecer meu nobre ato, e, sim, tentaram me diminuir, esquecendo que me enquadro melhor na expressão "solteira por opção".

Ainda não satisfeita - e sem acreditar nas conclusões que havia chegado - resolvi analisar conversas que tive com amigos e pessoas conhecidas. Para minha tristeza, poucas são as lembranças de mulheres que receberam apoio em sua decisão. Infelizmente, a grande maioria recebe piadas maldosas - e sem graça - por estar solteira.

Ao fim de todos esses pensamentos, perguntei a mim mesma: será mesmo que esse tal machismo teve fim? Será que só os homens são machistas? Ou vivemos em uma sociedade em que o pensamento masculinizado - apenas em alguns pontos, é claro - esta presente na consciência de todos os cidadãos? Ainda busco respostas para esses questionamentos e quero, um dia, responde-los por completo.

Enquanto isso, seguirei com as conversas em família. Quero ver quantas outras colocações serão capazes de despertar em mim tantos questionamentos.